Semana passada uma amiga muito querida foi mãe pela segunda
vez. Fiquei feliz com a notícia, é óbvio, mas, confesso, me bateu uma pontinha
de tristeza. Eu não participei desse processo, não vi o vídeo do ultrassom, nem
perguntei mil vezes se ela já estava em trabalho de parto. A mamãe em questão
faz parte de um tempo muito bacana da minha vida, mas não do atual. Ah, quanta
saudade me deu...
Nos conhecemos há quase 10 anos e, durante alguns meses fomos muito próximos. Ela morava em São Paulo,
tinha dado com os burros n’água em uma promissora mudança de emprego e possuía
um apartamento em Santos, por isso, estava sempre por aqui. Frequentávamos a
mesma balada, tínhamos vários amigos em comum – alguns fiz através dela, a
mesma paixão pela comunicação e pela vida. Não conseguíamos conversar por
apenas alguns minutos, qualquer dedinho de prosa se tornava um papo de horas. Com ela era sempre assim: não existia pouco.
Um dia ela quis passar um tempo no exterior e escolheu o
Canadá. Não houve traumas, afinal, ela voltaria dali alguns meses. Preparamos
despedida, fizemos porta retrato com fotos nossas e prometemos nos reencontrar assim
que ela voltasse, mas o Universo tinha outros planos. Primeiro a permanência
dela fora do país se estendeu e, quando ela voltou, a vida dela tinha se
transformado completamente. Ela não era mais aquela menina que tinha ido ali
estudar um outro idioma, ela era uma mulher.
Acabou que nos vimos apenas uma vez desde o seu retorno, se
eu não me engano, no último aniversário que ela comemorou na praia. De lá para
cá ela cresceu muito como profissional, como mãe e, principalmente, como
pessoa. Mudou-se para o Rio de Janeiro, constituiu família e, ainda que – com
exceção de alguns comentários em redes sociais – nós nunca mais tenhamos nos
falado, tenho muito orgulho dela.
Hoje eu gostaria de agradecê-la por todas as lições que, com
sua amizade, aprendi e pelas lindas memórias que ela deixou. Depois dela,
aprendi a lidar melhor com as partidas e agora entendo que, nesses casos, não
há culpados, foi só a vida que decidiu seguir o seu curso.
Muito obrigado, baiana!
'Entenda que amigos vêm e vão, mas nunca abra mão de uns poucos e bons' (Dos tempos em que usávamos 'Filtro Solar' em nossas legendas de Orkut)
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