domingo, 26 de fevereiro de 2012

Frustração.

De conversas de bar também saem grandes ideias, não é mesmo? Essa saiu de uma dessas conversas.

Cássia Rejane Eller nasceu no Rio de Janeiro, em 10 de dezembro de 1962. Filha de um militar e uma dona de casa, seu nome foi sugerido pela avó, devota de Santa Rita de Cássia. Aos 6 anos, mudou-se com a família para Belo Horizonte. Aos 10 anos, para o Pará. Aos 12, voltou ao Rio. O interesse pela música veio aos 14, quando ganhou  um violão de presente. Beatles era o que mais tocava nessa época. Aos 18, chegou a Brasília, onde cantou em coral, fez testes para musicais, trabalhou em duas óperas como corista, além de se apresentar como cantora de um grupo de forró. Despontou em 1981, ao participar do espetáculo de Osvaldo Montenegro. Um ano mais tarde, foi para Minas Gerais, onde trabalhou como servente de pedreiro. Contava, sem vergonha, que fez massa e assentou tijolos. Na escola, não chegou a terminar o ensino médio, por causa também dos shows que fazia.
Caracterizada pela voz grave e pelo ecletismo musical, interpretou canções de grandes compositores do rock brasileiro, como Cazuza e Renato Russo, além de artistas da MPB como Caetano Veloso e Chico Buarque, passando pelo pop de Nando Reis, sambas de Riachão e rocks clássicos de Jimi Hendrix, Rita Lee, John Lennon e Nirvana.  Somente em 1989 sua carreira decolou, ajudada por um tio que gravou uma fita demo com a canção "Por enquanto" e levou á Polygram. Em 12 anos de carreira, gravou 10 álbuns.
Homossexual, morava com a parceira Maria Eugênia, com a qual criava o filho Chicão.

Conheci Cássia em 1995, na primeira temporada de Malhação, seriado global no ar até hoje. Malandragem era a canção tema de Luiza, personagem de Fernanda Rodrigues. Devo ter essa fita K7 perdida em alguma gaveta aqui em casa, ouvia repetidas vezes. Muito tempo depois, descobri que essa música tinha sido composta por Cazuza, para Ângela Ro Ro. A cantora adorou a melodia, mas não se identificou com a letra, por isso não a gravou. Sobrou pra Cássia, né? E o resto acho que vocês já podem imaginar, sucesso atrás de sucesso: Segundo sol, No recreio, Relicário, Luz dos olhos... Isso, citando só as compostas por Nando Reis.

2001 foi um ano bastante produtivo pra Cássia Eller. Se apresentou pra 190.000 pessoas no Rock in Rio III, fez outros 94 shows e gravou o DVD Acústico MTV, que vendeu 900.000 cópias e se tornou o maior sucesso da carreira dela.  No dia 31 de dezembro desse mesmo ano, ela se apresentaria nos festejos de Reveillon, no Rio de Janeiro. Ela faleceu no dia 29.
Recebi a notícia quando o plantão da Rede Globo entrou no ar. Do nada. Parecia mentira, brincadeira de mal gosto. Não era. Cássia Eller faleceu aos 39 anos, no auge de sua carreira, em razão de um infarto no miocárdio.

10 anos se passaram, suas canções ainda são tocadas e ela continua sendo lembrada. E a cada homenagem, a cada tributo, eu vivo e revivo, a mesma  frustração de 10 anos atrás, por não ter estado, sequer por um minuto, no mesmo recinto que essa talentosa intérprete do rock nacional.

' Mudaram as estações, nada mudou. Mas eu sei que alguma coisa aconteceu, tá tudo assim tão diferente... '
Por enquanto

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Emoção.

Sim, eu poderia falar sobre qualquer assunto. Ainda mais depois de um carnaval que deu tanto o que falar, né? Invasão na apuração dos votos do desfile das escolas de samba de São Paulo, a "paradona" da bateria da Mangueira, Daniela Mercury na Portela, o título da Mocidade Alegre ou o da Unidos da Tijuca, com o irreverente carnavalesco Paulo Barros. Mas, por acaso, na segunda-feira de carnaval algo me chamou atenção a ponto de estar martelando em minha cabeça até agora. Ao acordar, por volta das nove da manhã, a atriz e apresentadora, Ana Furtado, tomava café com Ana Maria Braga, no Mais você. Falava sobre a responsabilidade de ser Rainha de Bateria da Grande Rio e da fantasia que usaria no desfile daquela noite na Marquês de Sapucaí. E então, ela se posiciona em frente ao mestre e alguns ritmistas da bateria, e a magia se faz. Ana Furtado canta o enredo da escola que defende com uma paixão, que me leva as lágrimas. O tema? Superação! 


No ano passado, mais precisamente em 07 de fevereiro, um incêndio acidental destruiu quatro barracões na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro. Três agremiações foram atingidas pelo fogo: Grande Rio, Portela e União da Ilha. Mas a Grande Rio foi a que sofreu maior perda, 95% de tudo que já estava pronto para o desfile daquele ano. E menos de um mês depois, essa mesma escola entra na avenida e cumpre o seu papel. E foi desse processo de reconstrução que nasceu o enredo desse ano, dando vida ao samba-enredo "Eu acredito em você. E você? ".


Voltei a ver Ana Furtado, dessa vez na avenida. Trazia o mesmo samba no pé, a mesma simpatia e a mesma paixão ao entoar aquele samba. Vestida de Fênix (um pássaro da mitologia grega que, quando morria, entrava em auto-combustão e, passado algum tempo, renascia das próprias cinzas), representava o renascimento de sua escola.






Tudo bem, a escola não foi a grande campeã do ano de 2012, ficando apenas com a quinta colocação. Mas, independente de formalidades, no quesito emoção, a Grande Rio tem a minha nota 10.


Quem me viu chorar, vai me ver sorrir. Eu acredito em você, pro desafio. E abro o meu coração, cantando a minha emoção. Superação é o carnaval da Grande Rio. "